Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. 

Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. 
Mais vale saber passar silenciosamente 
             E sem desassosegos grandes. 

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, 
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, 
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, 
      E sempre iria ter ao mar. 

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos, 
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, 
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro 
                   Ouvindo correr o rio e vendo-o. 


Ricardo Reis

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cher Joana